Hoje, aproveitando o momento, vamos falar sobre algo muito difícil e polêmico. Sou o lorde do nada, não da razão, mas tentarei expor a partir de fatos, algo que vem corroendo sentidos e sentimentos humanos; com certeza serei mal entendido, ou bem entendido e crucificado! mas se meia dúzia de nobres leitores compreenderem a mensagem, já estará valendo a intensão.
Para aquelas pessoas que insistem em me chamar pra esses shows que a indústria fonográfica local insiste em chamar de "forró", serei o mais sensível possível, relembrando o trecho de uma canção de 2004, chamada Psicose (morte ao saia rodada):
"... quebrei toda, a minha casa, esfaquiei a rádio FM que tocava saia rodada
Queimei a grana na fornalha, dispensei um morena pirada tarada"
Radical? Sarcástico? Não creio. Problemas radicais, exigem saídas radicais. A letra apenas dá um golpe nestes grupos, na mesma violência que essa poluição sonora insiste em invadir o ambiente e massacrar tímpanos e neurônios que nos resta em exercício.
Se é pra aderir ao porralouquismo (e a letra da música adere), que façamos isso sem hipocrisia e com a mínima originalidade, e não, se reduzindo a código de barras em formato de corpo humano, seres das cavernas e medíocres copiadores de quinta categoria, de recursos multimidiáticos retrôs de grupos internacionais. Seriamos menos hipócritas e mais cultos e inteligentes se fossemos direto ao cabaré da esquina! (isso também foi um sarcasmo).
O mais preocupante, atento leitor, é que essa máquina de machismo, racismo, homofobia e baixaria vem formando uma geração de reacionários sórdidos e semi letrados criticamente. O que esperar de uma mulecada que cresceu vendo uma garota playboy gritando "é o seu vizinho que quer comer meu cú-é seu vizinho que quer comer meu cú-é seu vizinho que quer comer meu cú-elhinho... Alguns hipócritas catedráticos ainda ão de dizer.... " A maldade está em quem ouvi, não há nada d+"... os mesmos que após um show de horror desses tais grupos "musicais", irão cruzar com profissionais do sexo na praia e as xingarão de puta, safada, pervertida, vulgar! Aqueles hipocritas, são os verdadeiros travestis da sociedade, sim, porque pelo menos o travesti (homossexual) de alguma forma se assume travesti, por sua performance; já, os falsos moralistas, não. Se escondem nas barras do vestido de linho da hipócrita sociedade de aparências.
Esse fato é ainda mais triste, porque o cruzamento entre figuras de linguagem e dicção parcial foi um grande artifício para músicos que colocaram em cheque a falta de liberdade no Brasil, na ditadura militar, com Chico Buarque, Cetano, Gonzaga e Raul Seixas. Além disso, apelação sexual no início da década de 80 como fez chacrinha, por um lado, era um insulto a ditadura, em meio a bagunça organizada que era seu programa, era preciso desorganizar para organizar, como em um combate a ditadura.
Mas faz tempo, que tudo isso virou futilidade e a ideia central, que seria valorizar a liberdade e a figura feminina... foi invertida: não valorizamos a pouca liberdade que obtemos e mulheres são reduzidas a objetos, produtos descartáveis. Os únicos que lucram com isso são: os poderosos, porque o "circo" nunca questiona o poder coronelesco do NE; as gravadoras e os integrantes dos grupos. É notório que para eles, a qualidade não importa, o importante é a renda.
Façam-me um favor, não chamem isso de forró. Forró não é lixo mercadológico, é baião, cultura, política.
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