domingo, 15 de agosto de 2010




Por estes dias, pegando aquele, absurdamente, velho e estraordinariamente lotado "Forene/Trapiche", sendo torturado com aquela coisa que tocam nas rádios populares e aparelhos celulares... relembrei e refleti profundamente sobre essa crônica... Confiram...



As Drogas (Crônica supostamente de Fernando Veríssimo)


Quero que você preste muita atenção... Não quero ver você nessa situação...

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "Experimenta, depois quando você quiser é só parar..." e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", da terra, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó e em seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, uma coisa bem brasileira;

Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei comprando o bagulho pela primeira vez. Lembro que cheguei à loja e pedi: “Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.” Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc. Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores: O Tchan, Companhia do Pagode e muito mais.

Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria um CD do Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e
você começa a querer cada vez mais, mais, mais...

Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo.

Não deu outra: entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas Lojas Americanas e pedi a Coletânea “As melhores do Molejo". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!!!

Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar Popozudas, Bondes, Tigres, MC Serginho, Lacraias, Motinhas e Tapinhas. Comecei a ter delírio e a dizer coisas sem sentido.

Quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras... Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser
dominado pela droga mais poderosa do mercado: Ki-Kokolexo.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: Doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock e Blues. Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo a Mozart e Bach. Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga.

Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante. Vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:


1. Não ligue a TV no domingo à tarde;

2. Não escute nada qu e venha de Goiânia ou do interior de São Paulo;

3. Não entre em carros com adesivos "Fui...";

4. Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe ou ao Domingo Legal do Gugu;

5. Mulheres gritando histericamente são outro indício;

6. Não compre um CD que tenha mais de seis pessoas na capa;

7. Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados;

8. Não compre nenhum CD em que a capa tenha nuvens ao fundo;

9. Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil; e

10. Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.

Mas. principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela!!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!


domingo, 1 de agosto de 2010

O Épico Suin da banda Los Hermanos

Essa banda carioca nasceu no final dos anos 90 (noventa), quando os colegas de universidade: Marcelo Camelo (Guitarra e Vocal), Rodrigo Amarante (Sopro, guitarra e Vocal), Patrick Laplon (baixo), Rodrigo Barba (Bateria) e Bruno Medina (Teclado) juntaram-se para tocar em festas universitárias.
No ano de 2000 (dois mil) eles são descobertos pelo grande mercado fonográfico através de um olheiro da Abril Music que possui forte ligação com a MTV, o que possibilitou a banda a produção do primeiro disco “LOS HERMANOS”, o clipe da balada “Anna Júlia”, aparições freqüentes na TV (inclusive apadrinhadas pela apresentadora “XUXA” ) e um conseqüente sucesso. Todavia essa fase mercadológica não é a favorita da banda, ao contrário, fez com que o grupo entrasse em crise que provocou a saída do baixista e a mudança de gravadora.
No carnaval de 2002, o grupo surpreendeu crítica e público com o lançamento do disco Bloco do eu sozinho editado com material reciclado e “gentilmente” chamado pela grande crítica de “Suicídio Comercial”; o disco é marcado pela influencia da MPB, Bossa nova, Música clássica e samba, as letras tornam-se mais poéticas e os integrantes trocam o visual ”Neo-boy-band” por rostos realistas e barbeados. A partir desse disco os caras desenvolvem o interessante costume de se trancar em um sitio para gravar os discos.
Em 2003 (dois mil e três) os Hermanos lançam “Ventura”, disco que reafirmou o processo de maturidade musical da banda e que concretizou o surgimento de um novo público do Rock Nacional, independente da grande mídia rádio-televisiva, entretanto, mais exigente que as massas que imortalizaram “Anna Júlia”. Considerado por muitos fãs o melhor disco da banda, nesse disco é confirmada a migração de guitarras para instrumentos alternativos; a influência de Samba e MPB e a presença marcante dos metais.
Em final de 2004, a banda lança “4”, último disco de músicas inéditas da banda, classificado por um crítico como “suicídio final”. O público foi mais uma vez surpreendido, agora com toques psicodélicos, hipocondríacos e surrealistas, acrescentada a marcante influência de Bossa Nova e o sumiço quase total dos metais.
Os Los Hermanos são heróis do rock brasileiro; diferenciam-se profundamente daquela geração de bandas que revolucionou os anos oitenta, todavia, destacaram-se em uma época marcada pelo melancólico cotidiano de mesmices mercadológicas, período recheado de canções vazias e sem sentido, ferindo essências do rock como atitude e a surpresa. Essa banda se diferenciou por ousar desafiar o cotidiano com suas misturas de elementos musicais, letras poéticas e sonoridade singular, tornando-se a banda de maior influência para bandas novas e até de estrada... Ressuscitando o Rock da primeira metade dos anos 2000!!!
Um dos momentos mais memoráveis da história dessa banda foi o último morche da última turnê do último disco um tal DAMINISMO, após reverenciar a banda conjugou pela última vez o verbo Morchar da história dessa banda!

P.S.: Morche é um salto dado em direção ao público.
P.S.2: Niguém ficou embaixo para o segurar...