Vivemos na Geografia da UFAL um momento de grande expectativa por mudanças radicais. Seja pela Grade Curricular contraditória, Seja pela falta de laboratórios; Pela falta de estágios ou pelo banheiro sem chuveiro; Pela aula Enrolaction ou pelo ventilador quebrado; os mais diversos motivos levam-nos ao descontentamento. É certo que essa insatisfação tem efeito em todos os setores, mas foram os estudantes que deram o maior golpe contra a Ditadura da Inércia.
Tempo PerdidoDurante muito tempo o que reinou no IGDEMA foi a ditadura da inércia. É verdade que o espectro do conformismo assombra todos os segmentos, todavia, esse fato é resultado também do próprio regime de acomodação ao Mais do mesmo que nos é imposto lá fora; Se é certo que colhe-se aquilo que planta-se, cruzando-se os braços concretizou-se um contexto de precarização que nos conduz a mediocridade acadêmica.
Viva Ave Fênix!
E eis que das cinzas surge Ave Fênix! Assim pode ser visto o Movimento da Geografia. Quando muitos apostavam na eterna hibernação, os estudantes mobilizaram-se e, enfim, movimentou-se a Geografia. É fato que onde há descontentamento há possibilidade de mobilização, mas seria injusto negligenciar a importância da Entidade de Organização dos Estudantes de Geografia (CAGEO) e dos Mestres, professores que educam para a vida e ajudam a transformar meros alunos em estudantes, os primeiros benefícios pela mobilização já são visíveis, mas queremos mais, e para isso é preciso continuar a Luta.
Decifra-me ou Devoro-te.A mitologia grega aluda bem a realidade que nos está colocada. É preciso desmistificar a idéia de que problemas da Geografia são problemas isolados, problemas somente de gestão interna, são sim, resultado de uma política neoliberal de sucateamento e futura privatização da Educação Pública (como já feito com outros serviços). É nada mais ou nada menos do que a prática da Política do Estado Mínimo. Trata-se de uma cartilha arquitetada pelo BID/FMI no final dos anos 90 (Criticada por Milton Santos na entrevista Território e Sociedade) e assinado em baixo por LULA/CUT/UNE. No Governo FHC a Reforma Universitária era evidente: Privatizar do Quadro Negro ao Restaurante Universitário, passando pelo Bebedouro, sendo assim barrada. Com o Governo Lula, essa Violência é Travestida, através do parcelamento da Reforma com a implementação do REUNI (Precarização); PROUNI (Desvia-se verbas da educação Pública para os Tubarões do Ensino Superior = Donos de Faculdades Privadas); do REHUF (Privatização dos Hospitais Universitários); do IFET (transformação dos CEFET’s em Institutos e criação de cursos pagos). Ou seja, o produto é o mesmo (mercantilização da Educação), só muda o rótulo!
A questão, é que a Gestão da UFAL e do IGDEMA representam uma religiosa reprodução dessa política, passando inclusive por um dos primeiros princípios da Universidade: A DEMOCRACIA. Quantos de nós participou da discussão e aprovação do REUNI, aprovado no Instituto quando os estudantes estavam no EREGENE e aprovado na UFAL espancando fisicamente estudantes durante o CONSUNI?!? Quantos de nós participou da discussão do novo vestibular (ENEM) ou alguma avaliação do ENADE?!? Nenhum! Mesmo assim eles nos impõem todas essas medidas! É preciso que tudo isso seja esclarecido, decifrado, ou seremos devorados pela Serpente.
Geografia para os Geógrafos?
É preciso ter cuidado também com outro tipo de violência travestida que diversas vezes nos assombrou: O Sectarismo. A idéia de que Roupa suja se lava em casa foi cruel com a Geografia, nos levou ao isolamento durante longo período e deu enorme contribuição para a manutenção da Ditadura da Inércia. Já ficou claro que a Universidade não é um arquipélago de ilhas-cursos incomunicáveis. Ao contrário, as mobilizações de cursos como História, Filosofia, do COS e do Pólo Palmeira dos Índios mostrou que temos vários problemas em comum, reflexo do discutido no ponto anterior e que levou a uma mobilização unificada via DCE. É necessário perceber que estamos na UNIVERSIDADE e é importantíssimo respeitar as diversas origens e opiniões. Nosso inimigo é grande e unificado, para vencermos é preciso que juntemos todas as forças dispostas a Lutar.
Maturidade para Unir, Unir para lutar, lutar para Mudar!O que está colocado no momento é uma necessidade de maturidade política pelo movimento que norteará sua sobrevivência ou fracasso. A maturidade política de compreender de que só a luta muda a história; de compreender de que sim, existem discordância táticas, e isso é fato compreensível, afinal de contas juntos formamos um Movimento e não um Partido; de perceber que essas discordâncias são sadias, desde que respeitados os espaços políticos do Movimento Estudantil (Assembléias, Plenárias, reuniões do C.A., etc.). É preciso ter a grandeza de perceber de que não temos inimigos entre nós, de que possuindo um acordo estratégico (o de Movimentar a Geografia), estamos do mesmo lado da trincheira, do outro lado estão aqueles que querem a inércia da Geografia e que assistem de camarote o auto-degradeamento do Movimento.
É preciso ter a maturidade política de perceber que sim... O C.A. possui limitações. Mas qual o C.A. que não tem? É preciso desmistificar a idéia de que o C.A. é uma club de amigos que ficam trancados numa salinha com computador com Orkut e tem a obrigação de servidão aos estudantes. É preciso ir além do senso comum de que o C.A. tem problemas morais. Como disse o Professor Milton, O Mundo se define como um conjunto de possibilidades, o C.A. é historicamente um importantíssimo espaço para a organização da luta estudantil. Ele é patrimônio dos estudantes e não de um seleto grupo. O que vai garantir a trajetória de luta do CAGEO não é a mobilização de um grupo de coordenadores, mas, mais do que isso, a participação de sua base: Nós, estudantes de Geografia. Se não concordamos com a tática (métodos) do C.A., temos que disputá-lo nos espaços, inclusive nas reuniões, que acontecem semanalmente; ter senso crítico é importante, mas é preciso amadurecer e direcionar esse poder de fogo. Ventilar críticas e/ou sair atirando com uma metralhadora de verbos por ai só vai beneficiar quem está do outro lado da trincheira e feri quem está ao seu lado. Menosprezar a entidade e eclodir os espaços do Movimento Estudantil também é produzir violência travestida. Quem concorda com tática do C.A., também tem que construí-lo, participar dos espaços. Somente isso garantirá que ele cumpra seu papel e não se burocratize.
Só a luta muda a Vida!
Para concluir, fazemos um chamado a todos e a todas que defendem uma Geografia em Movimento para juntos lutarmos por essa causa. Ainda que não sejam sanados todos os pontos táticos divergentes, naturais diante da origem de cada um de nós, temos um acordo estratégico e somente juntos e unidos poderemos alcançar nosso fim. Chegou o momento de demonstrarmos maturidade, deixar egos e questões particulares de lado e fazermos um grande acordo político pela geografia e em defesa da Educação pública, Gratuita e de Qualidade. Movimente-se!